Núpcias do verão
Quando li “Núpcias, o Verão” de Albert Camus (bota tempo nisso) não
sei se ele estava em núpcias existenciais. Ou eu. Ou o mar do litoral sul onde
me entreguei vadiamente ao sol, a água translúcida, a vagabundagem ampla, geral
e irrestrita.
Lembro que a narrativa do Camus que conhecia, despejando
impiedosamente o caos existencial, dava lugar a um relato sinuoso de cenas de
amor no litoral sul da França, numa juventude real (ou imaginária) do autor.
Camus parecia ter saudade do Camus enquanto escrevia o livro, tratado por todo
mundo como ficção.
Foi quando me rendi as núpcias do verão, misturando o calor tórrido
com o aroma do mar inexplicavelmente brando nessa época, alguma dose de música
suavemente balançada, orgia de estrelas cruzando o céu a noite, a brisa morna,
risadas e uivos femininos, um torpor inexplicável, vontade de nada fazer
misturada com tudo a fazer, nada a fazer, tudo a fazer.
Saudade de Creta. Quando conhecer Creta, sentirei saudade de Creta.
Bandeira branca, Camus.
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